sexta-feira, 29 de março de 2013
[arte de Derek Gores - EUA]
"…he saw her, as one sees the sun, without looking."
[Leo Tolstoy, Anna Karenina]
"Um homem tem sempre medo de uma mulher que o ame muito."
segunda-feira, 25 de março de 2013
[Arte com disquetes, por Nick Gentry]
"Silêncio é uma palavra impossível.
Não corresponde a nenhuma realidade.
Não há silêncio no cosmos
nem em cada um de nós.
Numa sala sem eco,
entre sete paredes de cimento isolante,
ouve-se ecoar a circulação
do nosso próprio sangue."
[António Barahona]
sábado, 23 de março de 2013
[Edgar Degas, A Study of a Girl’s Head, Late 1870s]
"Teu nome...
basta ouvi-lo, e meu olhar abre as janelas da manhã para que se faça dia corpo a dentro e abrem-se clareiras em meu coração escurecido de saudade."
[Aíla Sampaio]
"Vives a perguntar onde reside o sentido da tua existência? Perguntes aos sonhos de amor que trazes na alma."
terça-feira, 19 de março de 2013
DO AMOR CONTENTE E MUITO DESCONTENTE
Tenho pedido a todos que descansem
De tudo o que cansa e mortifica:
O amor, a fome, o átomo, o câncer.
Tudo vem a tempo no seu tempo.
Tenho pedido às crianças mais sossego
Menos riso e muita compreensão para o brinquedo
O navio não é trem, o gato não é guizo.
Quero sentar-me e ler nesta noite calada.
A primeira vez que li Franz Kafka
Eu era uma menina. (A família chorava).
Quero sentar-me e ler mas o amigo me diz:
O mundo não comporta tanta gente infeliz.
Ah, como cansa querer ser marginal
Todos os dias.
Descansem anjos meus. Tudo vem tempo
No seu tempo. Também é bom ser simples.
É bom ter nada. Dormir sem desejar,
Não ser poeta. Ser mãe. Se não puder ser pai.
Tenho pedido a todos que descansem
De tudo o que cansa e mortifica.
Mas o homem não cansa.
[Hilda Hilst]
quinta-feira, 14 de março de 2013
[Gustav Klimt, Lady in Armchair (Dame im Fauteuil), 1897]
"Deus está nas coincidências."
[Nelson Rodrigues]
"Assovia o vento dentro de mim.
Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara."
[Eduardo Galeano]
terça-feira, 12 de março de 2013
[arte de Rene Magritte]
"Os homens são como as moedas; devemos tomá-los pelo seu valor, seja qual for o seu cunho."
[Carlos Drummond de Andrade]
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme.
Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos - voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó vida futura! Nós te criaremos.
[Carlos Drummond de Andrade]
segunda-feira, 11 de março de 2013
[William Merritt Chase, Mrs. Meigs at the Piano Organ, 1883]
"Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tange e range, cordas e harpas, tímbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia."
[Fernando Pessoa , Livro do Desassossego]
sábado, 9 de março de 2013
[Rene Magritte, liaison dangereuse, 1926]
"Tua pequena mão,
É maior que o mundo.
E nela vejo o meu futuro..."
[Francismar Prestes Leal]
"amar-te como te amo é um filme para maiores de dezoito. amar-te como te amo é um filme para maiores – e é isso que me faz, em ti, sentir-me pequeno."
[Pedro Chagas Freitas]
sexta-feira, 8 de março de 2013
O AUGE DA INTEMPÉRIE NA ÍNDIA
"Permaneço firme hoje, pois, antes de mim, outras pessoas lutaram contra as exclusões contra mulheres e crianças. Meu avô sacrificou sua vida pela igualdade feminina. Minha mãe foi uma 'feminista' antes de a palavra sequer existir. Mas quero dizer que a violência contra as mulheres tomou uma nova e mais perversa forma, a partir do cruzamento de duas linhas: as estruturas patriarcais tradicionais e as estruturas capitalistas emergentes. Precisamos pensar nas relações entre a violência do sistema econômico e a violência contra as mulheres. Para ilustrar: intempéries sempre aconteceram. Mas como mostram o superciclone Orissa, os ciclones Nargis e Aila, os furacões Katrina e Sandy, a intensidade e a frequência desses desastres se transformaram com as mudanças climáticas. Na mesma linha, nossa sociedade sempre discriminou crianças meninas. Mas e a epidemia de feticídio feminino? E o desaparecimento de 30 milhões de garotas nem nascidas? Levaram essa discriminação a novas proporções. À violência mais brutal e mais perversa – e relacionada aos processos alavancados pelo modelo econômico."
[Vandana Shiva, nascida em Dehradum, atualmente vive em Nova Délhi, onde lidera o Research Foundation for Science, Technology and Ecology, a filósofa mescla movimentos políticos alternativos, ideais ambientalistas, críticas econômicas, biotecnologia e bioética. Desse amálgama teórico saem suas principais ideias para defender os direitos das mulheres mundo afora]
quinta-feira, 7 de março de 2013
[Rene Magritte - Les Profondeurs du Plaisir, 1948]
"Superiores pelo amor, mais dispostas a subordinar a inteligência e a atividade ao sentimento, as mulheres constituem espontaneamente seres intermediários entre a Humanidade e os homens."
[Auguste Comte]
"Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho,
amada,
que a vida é breve,
e o amor
mais breve ainda."
[Mário Quintana, Bilhete]
quarta-feira, 6 de março de 2013
[Pablo Picasso, Jacqueline Rocque, 1954]
"Se o coração se cansa de querer, para que serve?"
[Mario Benedetti]
Mi táctica es
mirarte
aprender como sos
quererte como sos.
Mi táctica es
hablarte
y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible.
Mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos.
Mi táctica es
ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos
simulacros
para que entre los dos
no haya telón
ni abismos.
Mi estrategia es
en cambio
más profunda y más
simple.
Mi estrategia es
que un día cualquiera
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
por fin me necesites.
[Mario Benedetti, Táctica y Estrategia]
sexta-feira, 1 de março de 2013
Eu e tu somos esse vento. Não apenas um pedaço do vento dentro do vento, somos o vento todo. Escuta, ouve. Amor. Amor.
[José Luís Peixoto, in 'Abraço']
chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a húmida trama.
E para repousar do amor, vamos à cama.
[Carlos Drummond de Andrade, in 'O Amor Natural']